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Origem das Lambrettas   

 

Origem das Lambrettas

Os interessados que vivem este fenómeno das Lambrettas, que são em geral os seus possuidores e que não tem lido literatura técnica ou quem lhe tenha explicado, gostariam de saber, o lugar onde foram construídas e as pessoas que as inventaram e promoveram a sua produção e comercialização.

Seguindo o livro de Vittorio Tessera, pessoa que conheço pessoalmente e com quem falei várias vezes, (sabe falar português - hoje dono da Casa Lambretta) que é vendido em Portugal, pela ASCARI – Rua Prof. Bento de Jesus Caraço, 93- Loja 52 PORTO , Tel. 22 525 520 e Fax: 22 525 520, no que se refere à origem da Lambretta e não de todo o seu conteúdo.

O dono da fábrica que produziu as Lambrettas, chamou-se:

FERDINANDO INNOCENTI

Nasceu no dia 1 de Setembro de 1891, na TOSCANIA e morreu em 1966 com 75 anos. O livro não diz a data completa do seu falecimento.

Dante Innocenti, foi o nome de seu pai. Seu irmão como filho do primeiro casamento de seu pai, chamou-se ROSOLINO INNOCENTE, que foi seu sócio na empresa em Milão com o nome de “ IRMÃOS INNOCENTE, SA“ em 1931.

Os pais do senhor F.I. eram negociantes de ferramentas.

Aos 18 anos, depois de ter terminado os seus estudos técnicos, com o seu irmão ROSOLINO, começam um negócio de Compra e venda de materiais ferrosos usados, provenientes dos Estaleiros.

Em 1920, com 29 anos de idade, estuda profundamente o interesse e aplicação dos tubos de aço, em diversos sectores da indústria.

Nesta ocasião o governo italiano, decide fazer uma grandiosa reforma da cidade de Roma, para a tornar numa cidade bela e moderna, de que veio a tirar grandes benefícios.

Em 1923, muda-se para Roma para se estabelecer na comercialização de tubos e seus derivados. Infelizmente no Banco onde abriu uma conta, faliu e momentaneamente esta corajosa iniciativa foi suspensa, mas não eliminada.

Mais tarde, decide estabelecer-se com o dito negócio de comercialização de tubos produzidos pela firma DALMINE ( com licença MANNESMANN)

Mas, a grande oportunidade de FERDINANDO INNOCENTI, já de sócio com o seu irmão ROSOLINO e com a sua sociedade: IRMÃOS INNOCENTE, SA., acontece em 1931, com o grande contrato de empreitada que foi o complexo processo de irrigação das águas pluviais nos jardins do papa de CASTELGANDOLFO ( 14 hectares), utilizando as águas do lago ALBANO. Com este contrato, fica aberto um excelente contacto com o VATICANO, que vai suportar toda a estabilidade do grande complexo comercial e industrial que o INNOCENTI, vai Instalar em Roma e Milão.

É a partir desta data que este homem, modesto, de poucas falas, voz baixa, extremamente engenhoso, de uma convicção e persistência inabalável, que até 1948, altura em que aparece a primeira ideia de Lambretta , seguir a vida comercial e industrial, basicamente em materiais ferrosos e seus derivado, quer em Roma e Milão e ainda com 9 filiais por toda a Itália e mantendo uma firma sólida e em continua expansão.

Os principais produtos que produzia e comercializava, eram:

Construção civil, electricidade, armações, antenas, postes para o transporte de electricidade, portas e vedações, postes de iluminação, máquinas e ferramentas para a agricultura, desporto, tubos para rega, produtos para centrais termoeléctricas, bombas, tubos para a construção de autos, cilindros, pistões, etc., etc..

Em 1935, atinge uma situação de empresário, dourada. Tudo vai muito bem e num progresso extraordinário, impondo-se na sua actividade como pedra de toque;- a qualidade, os elevados padrões de organização e produtividade industrial e seriedade nos negócios, são a razão do seu grandioso sucesso.

Em 1936, instala a sua primeira fábrica de produção de tubos de aço sem costura, cuja firma tinha o nome de “ SAFPA ( Sociedade Anónima de Fabricação de Tubos de Aço, SA) que só fica pronta em 1942, em plena Guerra Mundial e vai, ao contrário, imediatamente produzir meios bélicos, para o exército Italiano. Só a partir dos fins de 1948 é que vai produzir tubos de aço e é absorvida pela firma DALMINE, que faz a sua segunda unidade produtiva.

Entre 1939 e 1940, esteve muito empenhado na produção bélica, quer em Roma ou Milão e foi declarado pelo General Poletti, como brilhante colaborador, do exército Italiano.

Durante este tristes anos da guerra, as empresas de FERDINANDO INNOCENTI, triplicam os empregos: de cerce 800 em 1938, passa a 3.000 em 1941 e 7.000 em 1943.

A sua fábrica de Milão, foi bombardeada pelos Alemães em 30 de Abril de 1944.

Com praticamente o fim da guerra à vista, F. I., prepara uma reconversão de toda a sua indústria em 3 planos:

1.- Produção de veículos de grande divulgação a custos baixos.

2.- Construção de maquinaria siderúrgica para a indústria.

3.- Desenvolver os processos de sintetização.

O passo decisivo para o início da produção da Lambretta, dá-se em Junho de 1944, quando os Aliados, libertaram a cidade de Roma da ocupação do exército Alemão.

FERDINANDO INNOCENTE, vê pela primeira vez, uma scooter que o exército Americano usava para pequenas distâncias, que se denominava: CUSHMAN série 32, produzida pela Harley Davidson e sente a falta de transportes públicos e a necessidade de se conseguir um transporte individual, pequeno, barato e de baixo consumo.

Dentro de poucos meses foi construída uma maqueta em madeira de uma scooter original, prevendo uma transmissão de corrente.

O seu promotor, não lhe reconheceu eficiência e a qualidade que estava habituado a ver nos seus produtos e que lhe angariaram o maior prestígio dentro e fora de portas.

Inquebrantável, decide encarregar o jovem General de Aeronáutica Italaina, o Engenheiro Pier Luigi Torre para desenvolver estudos e projectos para um novo ensaio, mantendo a ideia inicial da existência da scooter Americana CUSHMAN série 32, na versão militar, chamado modelo zero , original, inovativa, motor de 125 cm3, de um só grupo, com transmissão por engrenagens à roda de trás.

Como é conhecido o desafio que se colocava entre a Vespa e Lambretta, lembramos aqui, que em meados de 1946 já a Vespa estava em plena produção

Depois de profundos melhoramentos ao modelo zero e um é em Outubro de 1947, dado inicio ao modelo 2 ainda como experiência.

Neste novo ensaio, vão ser aplicados novos melhoramentos e é já determinado o preço de venda: 135.000 Liras e o nome de Lambretta a atribuir a esta nova scooter.

Lambretta, provém, do nome do rio que corria ao lado da fábrica que se chama LAMBRO e nasce no PIAN DEL RANCIO IN VAL SASSINA e vai desaguar ao Lago di Pusiana.

Para promover adequadamente a Lambretta foram feitos anúncios na Rádio, que se chamava: São as 20.35, é hora da LAMBRETTA, durante muitos meses e muito antes de existiram as Lambrettas. Daí resultou uma curiosidade enorme de a conhecer.

 

Em Outubro de 1947, é decidido fabricar manualmente uma pequena quantidade de exemplares do modelo 125/A, para apresentar à imprensa, público e futuros clientes.

Nos princípios de 1948 e até Outubro do mesmo ano, a cadeia de montagem, começa a trabalhar a um ritmo de 50 por dia.

Foram produzidas deste modelo entre 1947 e 1948: 9.669 unidades.

O meu trabalho de apresentação da origem das Lambrettas, terminou aqui, sem ter entrada nas técnicas aplicadas na sua construção; estando, contudo, a pensar continuar com este trabalho de pesquisa em futuras edições, relativamente aos modelos produzidos, até 1972.

No entanto, ainda queria aqui referir, para um conhecimento mais amplo, que:

Em 23 de Outubro de 1953, Ferdinando Innocenti, recebeu da Universidade Politécnica de Milão a insígnia de ENGENHEIRO HONORIS CAUSA, pelo seu contributo dado no desenvolvimento e racionalização dos métodos de produção da indústria mecânica Italiana, tendo também sido agraciado pelo Governo Italiano com a COMENDA pelos seus altos serviços prestados em favor de todo o desenvolvimento da indústria italiana.

Diz o autor do livro, que o negócio mais importante de toda a vida do senhor Innocenti, foi a venda de aço à Venezuela no valor de 350 milhões de dólares americanos; cuja encomenda, foi concluída em 5 anos.

No verão de 1948, haviam por vender centenas de unidades, que o mercado Italiano, já não absorvia e foi então decidido estabelecer um plano de exportação e concretizado com a Argentina, visto ser um país que acolhia milhares de emigrantes Italianos.

Em 1958 o seu filho, Engenheiro Luigi Innocenti, assume a vice Presidência do grupo e começa a trabalhar conjuntamente com o seu pai e foi grande impulsionador da ideia de produzir um automóvel dentro da Linha FIAT 500.

Com a grande evolução do sector automóvel, depois de 1950, o grupo Innocenti, começa a pensar em produzir automóveis. Foram vários os contactos e estudos. Só entre 1958 e 1960 é começada uma produção de 100 unidades diárias, com um acordo e contrato com a empresa britânica BMC, com licença da Austin A 40.

Das negociações com a BMC Inglesa começadas em 1958 para a produção do Mini Minor, só em fins de 1960, se inicia a sua produção a um ritmo de 100 unidades/dia.

Em 1966, morre o senhor FERDINANDO INNOCENTI, com 75 anos e fica a seguir os negócios o seu filho, Engenheiro Luigi Innocenti.

Como termina o grande reinado comercial e industrial INNOCENTI:

 

Em 1966 o senhor Innocenti, morre, conforme já foi dito, com 75 anos e o filho toma a direcção integral dos negócios.

Pouco tempo depois de tomar posse, veio a ser confrontado com uma violenta contestação sindical, com greves em massa, da esquerda operária, que destruíram aquele homem honesto e sensível.

Com o desinteresse crescente das motocicletas e com esta pressão das greves, levam o jovem Innocenti a desistir do negócio, arduamente construído pelo seu pai.

Depois de longas negociações com a Fiat, Volkswagen, o sector de produção automóvel, é vendido à Leyland inglesa, que o mantém activo.

O sector de motoscooters, é vendido ao governo Indiano e o sector de mecânica pesada foi incorporado no grupo Santeuschio, que se veio a transformar numa única sociedade, chamada: INNSE.

Caro leitor, agora conhece o principio e o fim deste complexo e extraordinário processo, que colocou no mercado um meio de transporte, eficaz, pequeno e de consumo muito reduzido a que foi dado o nome de LAMBRETTA.

Só lhe falta agora, conhecer em pormenor, os modelos que foram produzidos.

José Paiva Costa

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